São Paulo, quarta-feira, 26 de julho de 2006 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice Maioria recebeu em dinheiro ou por meio de depósito em conta DA SUCURSAL DE BRASÍLIA Dos 90 parlamentares investigados pela CPI por suposta participação na máfia dos sanguessugas, a maioria teria recebido, como propina, pagamento em dinheiro ou depósito em contas bancárias -as próprias ou a de terceiros, como parentes e assessores. A Folha consultou dois integrantes da CPI sobre como cada um dos 90 parlamentares é acusado de ter recebido a suposta propina. De acordo com o levantamento, 34 foram beneficiados com pagamento em dinheiro vivo. Um deles seria o senador Ney Suassuna (PB), líder da bancada do PMDB. A reportagem apurou um exemplo: segundo a família Vedoin, o deputado João Magalhães (PMDB-MG) recebeu R$ 42 mil da quadrilha. O dinheiro teria sido entregue em fevereiro deste ano no hotel Meliá, em Brasília, onde a família Vedoin é dona de um flat. Magalhães teria sido agraciado por ter apresentado em emendas que juntas somam R$ 400 mil. Outros 32 acusados tiveram depósitos feitos em contas de parentes ou assessores, de acordo principalmente com a acusação dos empresários. Mas há quem tenha recebido das duas formas, segundo os dados colhidos pela CPI. Seriam os casos de Junior Betão (PL-AC), Cabo Júlio (PMDB-MG), João Grandão (PT-MS), César Bandeira (PFL-MA), Elaine Costa (PTB-RJ), João Batista (PP-SP), Vanderlei Assis (PP-SP) e Amauri Gasques (PL-SP). Um dos integrantes da CPI pôde consultar cópias de 11 recibos de depósitos, sempre ao redor de R$ 10 mil, na conta do deputado Cabo Júlio. Além do número da agência e da conta corrente (não ficou claro em que banco), havia o nome completo: Júlio César Gomes dos Santos. Segundo integrantes da CPI ouvidos pela Folha, o caso do cabo Júlio é dos mais graves e mais bem documentados. Único deputado petista até agora denunciado formalmente pela quadrilha, João Grandão (MT) recebeu dois cheques, de R$ 10 mil cada um, em contas de terceiros. Além disso, teria recebido dinheiro vivo. Automóveis também seriam entregues como propina -segundo os Vedoin ao pelo menos sete parlamentares receberam veículos. Pedro Henry (PP-MT) teria recebido uma Blazer. Wanderval Santos, uma BMW. Jefferson Campos (PTB-SP) e Coronel Alves (PL-AP), um ônibus cada um. A Folha não conseguiu apurar a acusação contra 15 dos 90 listados. Em relação a cinco deputados, a CPI dos Sanguessugas não teria reunido provas de pagamento de vantagens. São eles Feu Rosa (PP-ES), Gilberto Nascimento (PMDB-SP), Marcelino Fraga (PMDB-ES), Nilton Baiano (PP-ES) e Paulo Magalhães (PFL-BA). Quebra de decoro O presidente da CPI, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), afirmou ontem que o senador Magno Malta (PL-ES), um dos investigados, deverá ser o primeiro parlamentar processado por quebra de decoro. Em depoimento à Justiça Federal, o empresário Luiz Antonio Vedoin apresentou cópia do DUT (Documento Único de Trânsito) de um automóvel Fiat Ducato que teria sido dado de presente a Magno Malta. Em nota, Malta afirmou que utilizou o automóvel, mas por meio de empréstimo, ocorrido em 2003, feito pelo deputado Lino Rossi (PP-MT) e "jamais por qualquer empresa". "Se o senador admitiu que usou o veículo, fecharam-se os elementos também para incluí-lo no relatório", disse Biscaia. Texto Anterior: Esquema teve até propina mensal, diz CPI Próximo Texto: Ex-ministro recebeu alerta sobre fraude, mas reação foi lenta Índice Fonte: Folha de São Paulo |
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